Home Lotérica Projeto Beto Mansur – Onde foi que erramos?
< Voltar

Projeto Beto Mansur – Onde foi que erramos?

06/12/2013

Compartilhe

Eu e minha esposa somos sócios em uma lotérica, e resolvemos pensar e repensar  no Projeto Beto Mansur, com a seguinte pergunta: onde foi que erramos? Todos nós cometemos erros, mas, sempre temos nossos amigos que nos ajudam a cada consulta, temos os sindicatos em cada Estado que é forte e que nos orienta, e temos uma federação que nos dá o devido suporte nacional. Agora, vamos colaborar com outra visão deste assunto, voltados para um foco muito diferente de tudo aquilo que temos tratado.  Confiança acima de tudo.

Voltando ao passado, para uma melhor avaliação, e é bom lembrar que quando a Caixa Econômica Federal iniciou a abertura de Casas Lotéricas, ela já vendia os Bilhetes de quarta-feira e sábado, nos ‘Chalés Lotéricos’ e seus cambistas, para realizar os sonhos daqueles que acreditam em jogos. Nossa população acredita em jogos, e com a chegada das Casas Lotéricas, avalia-se que a aceitação foi boa, e assim todos empreendedores Lotéricos concordaram em aceitar os 23% pagos como comissão dos bilhetes, como primeira experiência de vendas. Com certeza, muitos colegas Lotéricos sustentaram suas famílias, e viveram bem, com esta comissão. Muito embora, os bilhetes não vendidos ao público, o Lotérico tem que arcar com o valor de sobra, e não há devolução. Com o início das instalações das Lotéricas, os jogos foram taxados com a comissão de 9%. Com a implantação da Lei Zico, a comissão dos jogos foi rebaixada para 8,61% e os Lotéricos tiveram que aceitar esta imposição por lei, sem poder falar nada, e desta forma a receita das Lotéricas ficou composta da comissão dos bilhetes 23% mais a comissão dos jogos 8,61%. Todos os Lotéricos ficaram satisfeitos com esta receita que recebiam, e progrediram, abriram novas Lotéricas e viveram bem. Era então a época de somente jogos.

Com a expansão dos bancos, a Caixa Econômica Federal, se interessou em se colocar entre os maiores conglomerados financeiros. Começou então a disputar posição entre os primeiros bancos do País, e para isso ela percebeu que era necessário também prestar os mesmos serviços que seus concorrentes, porque a CAIXA só trabalhava com Caderneta de Poupança, Capitalização, Penhor e pequenos Empréstimos, tão somente direcionados a pessoas físicas, e foi exatamente assim que a Caixa se utilizou dos serviços e da expansão das Casas Lotéricas, em todo o País. A arrecadação milionária dos jogos a seu favor, não só favoreceu o seu crescimento, como a tornou o banco social do país, e por consequência, Banco Social do Governo pela distribuição de renda que faz, através da arrecadação de jogos efetuados pelas Loterias. A grande verdade é que a Caixa Econômica Federal, não arrecada sozinha todo dinheiro que distribui como banco social, todos sabem que este volume de dinheiro provém da arrecadação de Jogos de Loterias. E assim se tornou um grande banco.

Criou-se então dois braços dentro da própria Caixa Econômica Federal. Um braço era dos jogos. O outro braço era bancário, o de recebimento de contas e serviços.

O braço dos jogos, tinha o seu percentual de 31,6% sobre as vendas, composto de 23% da venda de bilhetes e 8,61% da venda de jogos, que sempre agradou e satisfez  aos Lotéricos. O braço bancário (contas e serviços) não agrada os Lotéricos, porque é pago um valor baixo em centavos, como exemplo R$ 0,30 como comissão, por boleto recebido e podemos chama-lo trabalho de altíssimo custo. Para a Caixa Econômica Federal é um trabalho de custo quase zero.

1 – A Caixa Econômica Federal, negocia com grandes empresas, prefeituras municipais, governos estaduais e o governo federal, e acerta os valores das tarifas a serem cobrados pelos recebimentos de convênios, tais como recebimento de água, luz, telefones, consórcios, IPTU, IPVA, multas, licenciamentos e, Simples, FGTS, INSS, etc., etc., e também negocia e acerta  com os bancos os valores das tarifas a serem cobradas como recebimento de boletos bancários e outros papéis, e não os repassa para os lotéricos por um valor justo pelos serviços executados pelos  Lotéricos, esses que verdadeiramente recebem os  serviços e executam o trabalho, então por um  altíssimo custo operacional. 

Neste quadro, podemos claramente observar que Caixa Econômica Federal, diminuiu o seu quadro de pessoal. Nas Agências reduziu o seu efetivo de pessoal nas Agências, e assim mesmo não paga horas extras. Com isto diminuiu o valor da folha de pagamento. Por conseguinte também diminuiu o seu serviço interno. Enxugou o pagamento de ENCARGOS e TRIBUTO e DESPESAS, tais como DARF, FGTS, INSS, PIS, PASEP, I.RENDA. Diminuiu o pagamento de Transportes de Valores.  Com esta retração, diminuiu o numero de clientes nas Agencias, sobrando espaço e tempo para negociações bancárias, e assim sobra espaço e tempo tão somente para os clientes que operam financeiramente com fins lucrativos, onde os demais vão para as lotéricas e caixas eletrônicos. Assim, todos os serviços como abertura de todos os tipos contas estão sendo direcionados para as Lotéricas.

No tocante a expansão da rede de Lotéricas podemos observar claramente, que a cada licitação efetuada, a Caixa Econômica Federal continua recebendo  um valor de Licitação por loja, e como se sabe publicamente, é um valor alto, que para ela CAIXA, contribui para aumento das operações financeiras, não há perda, e isto aumenta os lucros como são publicamente exibidos a cada trimestre. Esta situação, suporta um aumento solicitado pelas lotéricas nas tarifas de cobranças de boletos, que são os serviços executados para a CAIXA. A cada Licitação, não só sufoca os Lotéricos já estabelecidos, como também deixa de gerenciar uma distancia mínima entre lojas, o que já tinha sido estabelecido no inicio do plano de abertura de Loterias, e foi deixado de lado. Esta política selvagem, não é boa para ninguém, porque uma lotérica próxima da outra, prejudica a receita de ambas, e logo ficam no vermelho, e isto é ruim para a Caixa Econômica Federal.

2 – Para os Lotéricos em contrapartida, ao receber boletos e contas diversas, tem que aumentar o seu quadro de pessoal, e em determinadas ocasiões paga horas extras. Como consequência aumentou a folha de pagamento porque aumentou o seu serviço interno. Aumentou os valores pagos de encargos e tributos, tais como FGTS, INSS, PIS, PASEP, Imposto de Renda.  Aumentou o pagamento na cobrança de Transportes de Valores, cujos valores transportados é obrigatoriamente da Caixa Econômica Federal, que não arca com este custo, e obriga o Lotérico a cumprir com o seu pagamento.  Aumentou o numero de clientes nas Lojas, com filas extensas e quilométricas. Este aumento de clientes insatisfeitos pelo mau funcionamento do sistema operacional, que é lento e arcaico, não permite aos Lotéricos um ganho extra saudável, para fazer frente aos custos operacionais elevados que a classe lotérica enfrenta desde a muito tempo. Temos de lembrar que, todo ano, temos aumento de obrigações, tais como, salário de funcionários com aumento na folha de pagamento, aumento no valor de aluguel, aumento nos valores tarifas de água, luz, telefone, impostos, todos com base na inflação anual. É o aumento dos custos operacionais, direcionado pela Inflação, que os Lotéricos têm que suportar, e onde se verifica a descompensação, e o desequilibrio financeiro, comprometendo inclusive a receita que recebemos de jogos, que complementa e suporta os custos oriundos dos recebimentos de contas e serviços, porque aumentou os serviços nas Lotéricas.

Pelo exposto, o pedido de aumento de tarifa que foi solicitado pelos representantes dos lotéricos, não foi bem estruturado, e mal explanado por todos aqueles trabalharam pela aprovação do Projeto do Deputado Beto Mansur.

Foi abordada uma solicitação de aumento de tarifa como um todo, incluindo os jogos, quando a solicitação deveria ser feita apenas nos serviços que a Caixa Econômica Federal repassa para os Lotéricos. Esta solicitação, com certeza, não iria interferir na obrigatoriedade de aumento anual, e nem no aumento da inflação, da qual os senhores diretores da CAIXA se arvoram, e o Sr. Ministro da Fazenda deu o seu parecer, que este aumento concorreria para aumento da inflação, o que contribuiu plenamente para não ser aprovado. Este artigo foi vetado injustamente pelo mau direcionamento da proposta. A solicitação do reajuste das tarifas pagas pela Caixa Econômica Federal, jamais incidiriam obrigatoriedade de aumento anual de acordo com a inflação. Vamos negociar apenas o aumento da tarifa bancária, como a Caixa Econômica Federal o faz os outros bancos.

Pagamos um valor muito alto pela nossa falta de visão, no primeiro momento, e no enquadramento desta proposta. Faltou apreciação na interpretação daquilo que realmente precisávamos, ou fomos com muita sede ao pote. Existem em todo o País, muitas Lotéricas que trabalham quase que exclusivamente com contas, e pagam inúmeros benefícios sociais, onde os jogos não representam grandes valores. Estas lotéricas precisam urgentemente do aumento das tarifas nas contas, que viriam contribuir para o aumento da receita destas Lotéricas e diminuir as despesas.

Pelo tempo decorrido e na espera da aprovação do Projeto, e tudo aquilo que este projeto representa para os Lotéricos, houve bom aproveitamento no empenho de todos que contribuíram com o projeto, e no tempo despendido, com o trabalho que foi executado. Vamos resgatar este projeto, com esta nova exposição. 

Vamos então solicitar ao Exmo. Sr. presidente da Caixa Econômica Federal, que ele mesmo cuide deste processo de atualização, emitindo uma normativa que compense nosso trabalho,  para que possamos todos nós Lotéricos encontrar paz em nossos serviços e trabalho diário, vendo enfim a compensação que tanto aguardamos.

Atenciosamente,

José Carlos Talarico e Ana Maria N. Talarico