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Crise da Rede Lotérica se agrava com o desempenho do mês de janeiro

01/02/2016

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Janeiro trouxe péssimas notícias para classe lotérica, que encerrou o mês com violenta queda na receita de suas empresas. Notícias de alguns empresários lotéricos mostram que não serão poucas as empresas, que na melhor das hipóteses, só faturaram para cobrir os seus custos operacionais. E aí perguntamos: como fica a retirada para cobrir o orçamento doméstico?

A crise da Rede vem de longa data e só se agrava com o passar do tempo, fruto de uma política de remuneração mesquinha e feudal da Caixa, e de uma “parceria” unilateral, para não dizer escravagista. Mas vamos aos fatos.

A arrecadação das Loterias em janeiro teve crescimento nominal negativo de 7,17% (R$ 66.085.673,00), quando comparada ao mesmo mês de 2015, como demonstra o quadro abaixo. Em jan/16 tivemos um dia a menos de arrecadação, mas mesmo descontando-se este dia pela média de arrecadação por concurso de todas as Loterias de jan/15, ainda assim teríamos uma taxa negativa de 6,14%.

Analisando pela ótica do número de concursos, e deixando a parte o concurso da Mega Sena de Verão, jan/16 teve cinco concursos a menos. Analisando o quadro e fazendo as contas, vemos que esta diferença é por conta de três concursos a menos da Lotogol e 01 da Timemania, 01 da Quina e 01 da Loteca, que se acrescentarmos o valor médio de arrecadação de cada concurso de cada Loteria, resultaria num impacto de 1,18% a maior na arrecadação total de jan/16.  Concluindo, o comparativo entre os anos é viável e a queda de 6,25% de fato é consistente.

A arrecadação da Mega-Sena teve uma queda de 11,6 % no geral e de 30,44% por concurso, relembrado que a loteria teve um concurso a mais da Mega Sena de Verão.

A que devemos atribuir este desempenho medíocre? Somente a grave crise econômica que o país passa? Somente ao desleixo da Caixa em rebater os boatos do concurso da Mega Sena 1764? Somente a ausência total de uma estratégia e plano de propaganda e marketing para as Loterias? Somente a sazonalidade do referido mês? Somente a lerdeza da Caixa na renovação do portfólio das Loterias?  Estas respostas devem ser dadas por todos os lotéricos e representantes sindicais, após uma análise profunda desta situação. O fato é que o filé mignon do nosso negócio está numa tendência de virar carne de segunda.

Porém nossa tragédia não termina aqui. Temos o buraco negro no nosso negócio que é o serviço de correspondente bancário, que suga todos os ganhos positivos das demais atividades. Convivemos há mais de uma década com tarifas defasadas. Nosso último “reajuste de tarifas” foi há 16 meses atrás (out/14). Temos uma inflação acumulada de 12,58%, (IPCA – IBGE) até dez/15, sem contar com a inflação de jan/16, que ainda não foi publicada.

As eternas justificativas da Caixa sobre o reajuste justo das tarifas, tem sido a prática do mercado, a dificuldade de negociar melhores tarifas com as concessionárias e FEBRABAN, mas na verdade ela nunca desejou abrir mão de parte dos seus lucros, senão vejamos o recente exemplo. Uma consultora da Jequiti recebe R$ 10,00 pela venda do carnê, enquanto o lotérico recebe R$ 3,50, logo a Caixa fica com R$ 6,50, salvo se o banco tenha fechado com o Silvio Santos um valor mais baixo, o que penso não ser muito inteligente.

Por que uma transação de baixíssimo custo operacional para Caixa, onde todo o esforço de venda é do lotérico, tem que ter a política de remuneração de 2/3 para o Senhor Feudal e 1/3 para o mísero Vassalo? Sem medo de errar, esta política se estende numericamente para a maioria dos convênios que temos.

Então me respondam. É possível chamar de próspero e viável um negócio que convive num cenário como este?

Temos uma grande oportunidade de reverter um pouco este cenário. No próximo dia 04/fev (quinta-feira) acontecerá uma reunião de um Grupo de Trabalho com a Caixa para discutir as tarifas dos serviços bancários. Um dia antes (03/fev) todos os presidentes de sindicatos se reunirão para discutir a estratégia e ações nesta reunião. Espero que todos aproveitem a oportunidade para levantar números e estatísticas para contra argumentar as justificativas feitas pela Caixa. Espero mais ainda, que na reunião com a “parceira”, se for apresentada uma proposta indecente que não resolva ou amenize em muito os nossos problemas, que assumam na hora a postura e a atitude de não aceitar o que for oferecido como migalhas, e registrem o seu protesto veementemente, saindo dali para outra reunião interna para mobilizar a classe lotérica para ações mais contundentes.

Esta é minha opinião e expectativa. Não sei qual será a de todos os colegas que estão sofrendo e amargando prejuízos como eu estou.

Convoco a todos os colegas lotéricos a pressionarem os seus sindicatos a tomarem uma atitude nesta reunião que espelhe as necessidades e a voz do lotérico. (Com Blog do Lotérico – Luiz Mendes)